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22 de novembro de 2016
Desde os 12 anos, o tocantinense Robson Pimental de Souza, 17, tem uma rotina nada semelhante à de outros garotos de sua idade. Diagnosticado com aplasia medular, doença grave que interrompe a produção de células do sangue e pode levar à morte, ele leva uma vida cheia de restrições, e a maior parte do seu tempo é dedicada ao tratamento. Há dois meses, porém, surgiu uma grande esperança: Robson encontrou um doador compatível de medula óssea e foi encaminhado ao Hospital Amaral Carvalho (HAC), em Jaú, para o transplante, que daria a ele maior chance de cura. O HAC é referência no Brasil em TMO.Recém-chegado à cidade com sua mãe, Maria, e prestes a ser submetido ao procedimento, um novo diagnóstico - anemia de Fanconi, moléstia rara caracterizada pela falência da medula óssea e predisposição a cânceres – mudou todo o rumo do tratamento, e o transplante fora cancelado. Para Maria, a notícia surtiu como uma bomba. Para Robson, porém, parece não ter tido o mesmo impacto. “Eu tenho fé que o novo tratamento dará certo. A dor maior não é essa, mas a de ter sofrido bullying durante todos esses anos. Alguns colegas do colégio me chamavam de fofão, devido ao inchaço causado pelos medicamentos, e a professora dizia que o aspecto amarelado da minha pele era sinal de uso de drogas. Todos caçoavam de mim, até na igreja. Eu sempre me senti muito angustiado com isso”, contou o menino.
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Robson e sua mãe, Maria[/caption] JamboRobson nunca suportou o preconceito. Toda vez que o insultavam, ele se escondia na copa de um jambeiro enquanto esperava sua mãe buscá-lo na saída da escola. “Meu filho não reclamava. Sofria calado, sozinho”, lembrou Maria, caindo em lágrimas. “Eu não queria preocupar minha mãe. Então, subia na árvore e ficava lá até ela chegar. Era o único lugar onde me sentia seguro”, completou o garoto.Na vida de Robson, o jambeiro sempre foi muito significativo. Além de ser seu refúgio, foi por causa de uma queda da árvore que ele descobriu a doença. “Estava em cima de um pé de jambo, perto de casa, quando caí e fraturei o pé. No hospital, alguns exames revelaram que alguma coisa não estava indo bem com minha saúde. Foi aí que os médicos começaram a investigar até descobrirem a aplasia de medula”, contou. De lá pra cá, a vida de Robson e Maria não tem sido fácil. É uma batalha por dia. Desde que o pai do menino abandonou a família, é ela quem sustenta a casa. “Sempre trabalhei de sol a sol, de domingo a domingo, para não faltar nada, mas há dois anos tive de largar o emprego por causa da doença de Robson. Hoje, vivo de bicos como cozinheira e da ajuda de minhas irmãs e de nossos vizinhos”, contou a mãe. Robson, embora seja um rapaz de poucas amizades, tem por perto pessoas muito especiais, desde que ficou doente. Nas horas mais difíceis ele conta com seu melhor amigo, João Henrique, por quem tem muito afeto e gratidão. “Ele era o único que não zombava de mim. Estava sempre do meu lado, me defendia. Sua família inteira sempre me apoiou. O pai dele ajuda minha mãe, participa das reuniões do colégio quando ela não pode comparecer. Até matrícula escolar ele já fez para eu não perder o ano letivo. João Henrique vale por muitos amigos. Mais que isso... é como um irmão”, declarou Robson. Com as malas prontas para voltar à Araguaína, a segunda maior cidade do Estado do Tocantins, Robson e Maria levam na bagagem muito carinho das pessoas que conheceram no Hospital Amaral Carvalho e, principalmente, a esperança de voltar a Jaú para o transplante de medula óssea.
Juliana Parra

Anexos
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