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31 de outubro de 2014
Há mais de 20 anos, o Hospital Amaral Carvalho (HAC) presta serviço de apoio para a reabilitação de pacientes laringectomizados, pessoas com câncer de laringe avançado que passaram por cirurgia de retirada total da laringe (órgão responsável pelas funções de produção da voz e proteção de via aérea inferior). Profissionais das áreas de fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional, fisioterapia e assistência social trabalham em equipe para oferecer os melhores resultados e promover a qualidade de vida desses pacientes, mantendo índice de reabilitação maior que 70%.Reabilitação da VozA fonoaudióloga do HAC, Renata Furia Sanchez, explica que o atendimento ao paciente laringectomizado acontece em três etapas, o pré-operatório (anamnese e orientações pré-cirúrgicas), o pós-operatório imediato (esclarecimentos sobre as alterações anatomofuncionais) e a reabilitação vocal (iniciada após a alta hospitalar e a liberação médica).De acordo com Renata, uma das principais preocupações do paciente laringectomizado é com relação à perda da voz. “A reabilitação vocal, após a laringectomia, pode ser desenvolvida por três métodos: voz esofágica, onde o paciente introduz o ar da cavidade oral no esôfago e, por meio da vibração do esfíncter esofágico superior, expele o ar produzindo o som; vibrador laríngeo, aparelho eletrônico que produz uma vibração que é captada pela cavidade orofaríngea e produz a voz; ou pela válvula traqueoesofágica, implantada cirurgicamente entre a traquéia e o esôfago, para possibilitar a passagem do ar da traquéia para o esôfago, reproduzindo o som”.A profissional explica que todos os métodos têm prós e contras, por isso, o paciente é orientado sobre qual é o mais adequado para a sua reabilitação vocal. O atendimento do paciente laringectomizado no HAC é realizado semanalmente em grupo. PsicológicoAspecto importante da reabilitação é o suporte psicológico. Viviane da Silva Clemente Totina, psicóloga do HAC, explica que é feita uma avaliação das características individuais e da história de cada paciente para auxiliá-los, por exemplo, com relação ao fumo e bebidas alcoólicas, que na maioria das vezes integram o histórico. A participação da família é essencial para a reabilitação do paciente, de acordo com Viviane, por isso suporte psicológico se estende aos familiares para que possam aprender a controlar a ansiedade durante o tratamento. “O nosso pensamento é mais rápido que a fala, portanto, é necessário respeitar o momento de comunicação do paciente, orientar a família a não ficar completando as frases, pois é frustrante para ele não conseguir se expressar sozinho”, completa.A psicóloga conta que muitos pacientes já reabilitados gostam de frequentar o grupo de terapia, junto com os membros mais recentes, para poder compartilhar as experiências. “Eles visitam o grupo quinzenalmente, pois gostam de ajudar e incentivar quem está começando o tratamento, para melhorar a autoestima”, conta. Reinserção socialA terapeuta ocupacional do HAC, Márcia Maria Boletti Pengo, esclarece que o serviço é um canal para reorganização do cotidiano, que busca desenvolver atividades de interesse dos pacientes para reintegrá-los na sociedade. “A maioria dos pacientes larinjectomizados é composta por homens e nós encontramos um interesse comum em gastronomia. Atualmente eles estão desenvolvendo um livro de receitas culinárias”.Márcia reforça a importância do trabalho em equipe e os resultados positivos observados nos grupos de terapia. “Eles podem compartilhar experiências e superar problemas juntos. Sozinhos eles se sentem excluídos”, afirma.

Anexos
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