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4 de março de 2020
“Eu tinha muita dificuldade para falar e comer e, por isso, deixei de sair. Eu não conseguia sorrir”, comenta a paciente Antonia Corrêa. A aposentada, de 76 anos, comemora, um mês após o início do tratamento de laserterapia no Hospital Amaral Carvalho (HAC), a retomada de hábitos simples em sua rotina. Ela foi submetida à terapia para prevenção de mucosite oral, associada ao tratamento de fibrose que a impedia de abrir a boca. “A lesão da Dona Antonia estava em um local de difícil cicatrização. Por isso, a dor por tanto tempo”, explica a cirurgiã-dentista responsável pelo ambulatório de laserterapia do HAC, habilitada em Laserterapia e com capacitação em pacientes oncológicos, Priscila Delamano Criado de Bem. O procedimento é realizado em parceria com laboratório da Universidade de São Paulo (USP) de São Carlos e é indicado para pessoas submetidas à quimioterapia e radioterapia para tratamento de tumores na região da cabeça e pescoço. “É comum que esses pacientes tenham ferimentos na boca. A mucosa entende os medicamentos como tóxicos, ocasionando o aparecimento de úlceras, como também aconteceu com a Dona Antonia”, diz. Para evitar essas complicações, o Hospital Amaral Carvalho iniciou em agosto do ano passado a terapia com laser. Em setembro, foi implementado o Ambulatório de Lasertarapia e o procedimento passou a ser realizado todos os dias no período da tarde. De lá para cá, mais de 1.300 atendimentos foram realizados. “É um tratamento preventivo, ou seja, para evitar que apareçam as lesões, mas também curativo, quando já há inflamação oral”, conta a cirurgiã.A terapia é feita com laser de baixa intensidade com ação anti-inflamatória, analgésica e cicatrizante. O procedimento é indolor e seguro e não apresenta efeitos colaterais quando realizado corretamente por especialistas.Agora, a paciente, que não via a hora de voltar a comer pratos comuns como arroz com feijão, só comemora. “Eu comia de colherzinha, não mastigava. Doía muito para abrir a boca. Foram três anos me alimentando somente de sopa batida. Agora mudou tudo, consigo me alimentar normalmente. Recuperei minha autoestima.” RecorrênciaDe acordo com o radioterapeuta responsável pela Radioterapia do HAC, Batista de Oliveira Junior, após o início dos atendimentos, o número de pessoas com esse tipo de efeito colateral diminuiu. “Os pacientes não têm reclamado mais. Percebemos uma melhora quase que imediata”, comenta. Além dos ferimentos, boca seca e perda do paladar também são consequências, que podem ser potencializadas quando o tratamento é associado à quimioterapia.As lesões prejudicam a qualidade de vida dos pacientes e aumenta o risco de infecções oportunistas. “Se não tratadas, essas mucosites podem evoluir a ponto de a pessoa não conseguir abrir a boca e beber água. Nesses casos, é necessário suspender a radioterapia e iniciar tratamento específico para a lesão.” Os pacientes de cabeça e pescoço que iniciam as sessões de radioterapia são encaminhados diretamente pelo setor à laserterapia.
Estela Capra

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