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29 de dezembro de 2021
De repente, a pequena Maria Luiza Sena Mendes se olhou no espelho e estranhou. A menina, de seis anos, recebeu o diagnóstico de leucemia em outubro e foi encaminhada ao Hospital Amaral Carvalho (HAC) para início do tratamento oncológico. A partir daí, vieram as sessões de quimioterapia e, como efeito colateral comum, a queda dos cabelos. “Ela ficou bem no primeiro ciclo de quimioterapia, mas, ao começar o segundo, percebi que, aos poucos, os cabelos dela estavam caindo. Cada vez mais constante e em maior quantidade”, conta a mãe, Luciana Sena Mendes. Foi, então, no dia da formatura de uma das irmãs da Malu, que Luciana conversou com a filha e decidiu: “Liguei para a cabeleireira, agendei e raspamos os cabelos”, conta, emocionada. “Desde o diagnóstico, eu sabia que esse dia chegaria e falei ao meu marido que faria isso por ela. Não me preocupei com julgamentos, não tive medo do meu marido me enxergar diferente, eu só pensei nela. Por amor eu fiz, e faria novamente! Queria que ela se sentisse acolhida, que entendesse aquilo como algo normal dentro de casa.”Luciana conta que, num primeiro momento, a Malu ficou mais quietinha, mas, ao ver a mãe parecida com ela, logo se animou. A ação da mãe incentivou o pai, que fez o mesmo no dia seguinte. “O meu marido raspou também e isso foi importante para ela. Conseguimos transformar esse momento em algo leve para a Malu, diante de tantas outras coisas que já enfrentamos”, diz.Hoje, a família encara as “carequinhas” em tom de brincadeira e o exemplo dos pais deu força para a pequena, que já está terminando mais uma fase do tratamento. “A mudança na rotina causada pela doença, as vindas ao hospital, exames, internações e os efeitos colaterais do tratamento, principalmente a queda dos cabelos, podem assustar a criança. A atitude da família fez a diferença no caso da Malu”, comenta a médica responsável pela oncopediatria do hospital, Larissa Bueno Polis Moreira.De acordo com a psicóloga do HAC, Natália Montanari, é importante encontrar uma maneira de mostrar aos pequenos que é só uma fase e que será para o bem deles. “Os pacientes lidam de formas diferentes com esse processo. Alguns sentem mais a queda dos cabelos. É necessário ressignificar esse momento para a criança, para a família e transformar em algo leve e buscar valorizar os ganhos que serão decorrentes do tratamento. E caso seja necessário, buscar ajuda profissional para lidar com tudo que está acontecendo de novo”, conclui. DiagnósticoO câncer infantojuvenil costuma ter evolução rápida, por isso, é importante que os adultos estejam atentos a alterações que as crianças e adolescentes possam apresentar, sejam elas físicas ou comportamentais. Os sintomas mais comuns são: perda repentina de peso, palidez, falta de energia, alterações de visão, manchas roxas pelo corpo, febre persistente, nódulo ou inchaço incomum, dores abdominais e de cabeça e sudorese noturna. O diagnóstico precoce é fundamental para o início do tratamento adequado e com grandes chances de sucesso. Mas, no caso da Malu, a leucemia foi descoberta antes mesmo da paciente apresentar os primeiros sintomas. “Foi em um exame de sangue de rotina. A médica dela já percebeu algo errado e fomos a um especialista. O diagnóstico foi bem no início e tudo foi muito rápido. Ainda bem”, conclui a mãe.
Estela Capra

Anexos
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