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14 de janeiro de 2019
“Um bom exemplo é o melhor sermão”. Os pais de crianças em idade escolar podem não ter pensado nisso, mas a frase atribuída ao inventor e político Benjamin Franklin tem tudo a ver com o período de férias. O mês tão esperado pelos pequenos pode ser recheado de brincadeiras e preguiça, mas é também uma boa oportunidade de passar mais tempo com os adultos realizando atividades que podem mudar o seu futuro.De acordo com a psicóloga clínica do Hospital Amaral Carvalho (HAC) Monique Moya, é necessário ocupar o tempo com atividades que a criança queira e sinta prazer em realizar, como brincar, que é fundamental para o seu desenvolvimento, especialmente quando há interação com coleguinhas de idade parecida. “Brincar é tão importante quanto comer, dormir e até ir pra escola. É dessa forma que ela consegue compreender relações sociais e controlar impulsos”, exemplifica. Mas, como nem tudo é brincadeira, a profissional destaca que é dever dos responsáveis incentivar o bom comportamento da garotada. “As pessoas mais próximas são modelos e exemplos. Se enfatizarmos, desde cedo, alguns valores, como respeito e cidadania, estaremos contribuindo com seu crescimento e uma transformação social”.A introdução às boas práticas pode começar devagar. “Que tal aproveitar as férias para ensinar sobre desapego de objetos? Passado o Natal, quando costumam ganhar presentes, é interessante motivá-los à doação, por exemplo. Mostre como aquele brinquedo pode fazer outra pessoa feliz, ou que aquela roupa que já não serve mais, pode servir para algum desconhecido”, orienta.É preciso respeitar o espaço e tempo de cada criança, que são diferentes. “Uma forma de despertar nela o desejo de ajudar ao próximo é ressaltar que a doação não precisa ser material, pode ser uma atitude positiva, como dar atenção aos mais velhos ou participar de campanhas solidárias para ajudar uma entidade”, comenta Monique. De famíliaQuando pequena, a jauense Nina Brandão Canal (40) via sua mãe organizar festinhas para as crianças de um abrigo da cidade e isso a fascinava. “As vizinhas preparavam a comida e presentes, e nós íamos brincar com os internos nos eventos, era muito divertido. Ela nunca me obrigou ou disse para fazer algo desse tipo, mas cresci nesse ambiente e foi determinante para ser quem sou hoje”, lembra.Tão natural como uma brincadeira de criança, o voluntariado se tornou questão de família para a Nina, que se transformou na Dra. Zizi, dos Remédicos do Riso (grupo de palhaços do HAC), há mais de cinco anos.Inspirada nela, a filha Esther (12) sentiu vontade de trilhar o mesmo caminho e já participa de um grupo infantil, o Ouvidorria Kids, criado há alguns meses, justamente para oferecer a oportunidade do voluntariado aos filhos de membros do Remédicos.Acompanhados de um adulto, aos domingos, ela e outros jovens de 6 a 15 anos vão a um asilo para cantar, conversar e dar apoio aos idosos. “Me sinto tão feliz. Os velhinhos nos contam histórias, aprendo muito com eles. E sei que quando sorriem, não é só pra nos agradar, mas porque eles também estão felizes”, disse. Para a Nina, não há realização maior. “Me ver ser voluntária foi motivo suficiente para a Esther querer fazer o bem e ela tem consciência que nós levamos esperança, muitas vezes a quem já não espera muita coisa”, conta emocionada.A profissional do HAC afirma que ensinar empatia e solidariedade desde a infância contribui com a formação de pessoas mais generosas, que certamente contribuirão com uma sociedade mais humanizada. “Além disso, o ato de doar estimula a autoestima da criança, pois ela se sente importante ao constatar o efeito do seu ato benéfico”, completa.
Ariane Urbanetto
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Nina e Esther: inspirada na mãe, jovem participa de grupo voluntário composto por crianças e adolescentes[/caption] [caption id="attachment_10026" align="alignnone" width="640"]

“As pessoas mais próximas (das crianças) são modelos e exemplos. Se enfatizarmos, desde cedo, alguns valores, como respeito e cidadania, estaremos contribuindo com seu crescimento e uma transformação social”, destaca a psicóloga do HAC, Monique Moya[/caption]

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